O aumento do número de casos de tuberculose em Campos e em todo o Estado do Rio acendeu um sinal de alerta para os profissionais da saúde. A Subsecretaria de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde (Subapv) do município informou que, de janeiro até o dia 22 de março deste ano, foram registrados 128 casos de tuberculose em Campos e três óbitos em decorrência da doença. No mesmo período de 2022, foram 109 casos e nove óbitos.
Para a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), um fato que interfere diretamente nesses indicadores é que Campos possui três unidades do Sistema Prisional. A SES disse que trabalha para reduzir a incidência de tuberculose e controlar a doença. A redação do J3 News solicitou informações sobre o número de casos dentro das unidades prisionais do município, mas não recebeu nenhuma resposta até o fechamento desta edição.
As altas taxas de incidência e de mortalidade pela tuberculose colocam o Rio de Janeiro como um dos estados prioritários nas ações nacionais contra a doença. Isso porque, de acordo com a SES, mais de 80% dos casos estão concentrados em 16 dos 92 municípios do Estado. Mas é a capital que apresenta a maior carga da doença, respondendo por cerca de 50% dos casos novos.
Em Campos, a Secretaria Municipal de Saúde disse que intensificou a busca ativa do sintomático respiratório, enviando panfletos e potes para baciloscopia (exame de escarro) às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade.
O programa funciona no Centro de Referência Augusto Guimarães, localizado na Estrada de Santa Rosa s/nº, Parque Santa Clara, ao lado do Hospital Geral de Guarus (HGG), das 7h às 17h. Para maiores informações, o centro disponibiliza um número de telefone institucional: (22) 98173-0179.
Ações de enfrentamento no Estado
O Dia Mundial de Combate à Tuberculose é lembrado todos os anos em 24 de março, mas normalmente acontece uma campanha durante todo o mês voltada para a conscientização. Com objetivo de controlar a doença, em 2021, foi lançado o Plano Estadual de Controle e Eliminação da Tuberculose (2021-2025), com a meta de garantir um conjunto de medidas que permita reduzir a incidência e a mortalidade pela doença no Estado.
Desde agosto, agentes da SES-RJ estão trabalhando na capacitação de 16 equipes de saúde, compostas por enfermeiro, assistente social e sanitaristas, que fazem o acompanhamento de toda a linha de cuidado (trajetória do doente para ser atendido e curado) nos 16 municípios considerados prioritários: Belford Roxo, Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Rio de Janeiro, São Gonçalo e São João de Meriti. Tais cidades concentram juntas 86% dos casos. Além desses, os municípios de Itaperuna, Resende e Volta Redonda, por terem unidades prisionais, também são prioritários.
No Brasil e no mundo
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, a tuberculose continua sendo uma das doenças infecciosas mais mortais. Todos os dias no mundo, mais de 4 mil pessoas morrem de tuberculose e cerca de 30 mil adoecem com esta doença evitável e curável.
O Ministério da Saúde afirma que o Brasil faz parte dos países prioritários para o enfrentamento à doença, elencados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e está entre os 30 países do mundo com maior índice de transmissão. Por isso, o compromisso do país é zerar o número de famílias afetadas. Ainda de acordo com o Ministério, além de ampliar o acesso ao diagnóstico e ações de prevenção, está prevista a criação do Comitê Interministerial para a eliminação da doença.
Fique atento aos sintomas da tuberculose
A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que acomete principalmente os pulmões, mas pode atingir quase todos os órgãos do corpo. De acordo com a Pneumologista, Patrícia Meireles, “é uma doença infecciosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, com transmissão aérea e se dá após a inalação de aerossóis contaminados pelos bacilos, eliminados através da fala, espirros ou tosse de pessoas portadoras da doença ativa”, explicou.
Os principais sintomas da tuberculose são tosse, falta de ar e prostração. “A tosse pode ser seca ou com secreção por mais de três semanas, perda de peso inexplicável, febre diária, principalmente no final do dia, e suor noturno”, detalhou a médica.
Em relação ao tratamento da doença, Patrícia explicou que ele é feito com a “combinação de 4 antibióticos por um período mínimo de 6 meses e os medicamentos são disponibilizados gratuitamente na rede de saúde pelos programas de controle da tuberculose dos municípios”, explicou, reforçando que a tuberculose tem tratamento e cura.