O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ/CJF) disponibilizou, no Portal do CJF, o volume n. 41 da Série Monografias do CEJ. A publicação apresenta a tese de doutorado da professora Beatriz Aguiar Bovendorp Veloso, intitulada “A mediação de conflitos como obra de arte: o papel da hermenêutica fenomenológica e as críticas ao tecnicismo”.
O trabalho, vencedor do edital de chamada para publicação na Série Monografias do CEJ em 2022, trata a mediação de conflitos sob o enfoque primordial da linguagem e do diálogo entre os sujeitos e fundamenta-se na hermenêutica fenomenológica, tendo como ponto fulcral a crítica ao tecnicismo, numa abordagem paradigmática em que a mediação de conflitos se perfaça num novo habitat, como uma obra de arte.
Martin Heidegger foi o marco teórico adotado pela autora, à luz do qual buscou a desconstrução da mediação de conflitos no seu agir fascinado de um habitat utilitarista, procedimental e tecnicista, para vislumbrá-la no campo em que os fenômenos aparecem e por si só realizam a “mostração” das verdades, acolhendo-a assim como uma obra de arte no sentido do pensamento heideggeriano.
A mediação de conflitos, ao ser entendida como uma obra de arte, permite que o caminho da escuta empática e do cuidado aconteça de forma dialogal e fenomenológica, no desvelamento e desencobrimento dos “seres-aí” uns com os outros em suas verdades.
Logo, tem-se que o foco da obra de Beatriz Bovendorp é a crítica da mediação tecnicista, posta como pensamento calculativo, preditivo e oriundo da técnica moderna, que produz um processo degenerativo do pensar e agir, em detrimento de um percurso virtuoso para a mediação de conflitos, a partir do lugar da escuta empática e do cuidado como caminhos essenciais aos mediados e mediadores.
*Fonte: CJF