Reitor Raul Palacio fala sobre os 30 anos da Uenf e dos desafios futuros da instituição

Universidade celebra as três décadas com shows de rock, da cantora Roberta Campos e da Orquestra Petrobras Sinfônica, no campus universitário

A reportagem especial desta semana do J3News destaca os 30 anos da Universidade estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (clique aqui), comemorados nesta quarta-feira (16), no campus universitário, com shows gratuitos de rock, da cantora Roberta Campos e da Orquestra Petrobras Sinfônica, a partir de 18h (clique aqui). O reitor da Uenf, Raul Palacio, analisa, nesta entrevista, o período de funcionamento da instituição, as metas alcançadas e desafios para o futuro.

O que representa a celebração destes 30 anos da Universidade Estadual do Norte Fluminense nos aspectos da pesquisa, educação e formação de profissionais para Campos e região?

Na realidade, são 30 anos de luta, 30 anos de dedicação ao interior do Estado do Rio de Janeiro; 30 anos de solidificação de uma instituição pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada; 30 anos de formação tanto de um parque tecnológico para pesquisa de excelência, quanto da formação do material humano para o desenvolvimento da educação da nossa região. Deixando claro que hoje, no polo universitário de Campos, quase todas as instituições universitárias e as não universitárias têm egressos da nossa instituição. A mesma coisa para várias escolas e instituições da região Norte e Noroeste do Estado. Então, é com muita alegria que a gente celebra os 30 anos da universidade em função do trabalho realizado e da dedicação de todos; dedicação dos técnicos, dos professores, dos estudantes e da sociedade que sempre têm nos ajudado e apoiado. São 30 anos da solidificação de uma relação contínua e uma relação muito produtiva entre a sociedade e a nossa universidade.

O que a universidade tem influenciado na região, no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil nessas três décadas?

Na realidade, a Uenf tem evolucionado todo o Noroeste e Norte do Estado do Rio de Janeiro, e o Rio de Janeiro como um todo. Se a gente considera que são mais de 11 mil pessoas formadas nos diferentes cursos, todos eles de qualidade, e esse profissional está atuando desde as prefeituras até sala de aula; até como secretários ou também como funcionário público; em todas as áreas, inclusive no exterior; isso dá uma noção de como a Uenf tem realmente formado todo o pessoal necessário para o desenvolvimento. Por outro lado, esses formados da nossa instituição, muitos deles representam o primeiro formado de uma família no ensino superior. Eles também são o centro econômico principal para o desenvolvimento da sua família. Se a gente vai para a área da pesquisa, muitos resultados que são aplicados hoje em toda a região são resultados de pesquisa da nossa instituição. Basta só pensar ou colocar aqui o desenvolvimento da semente de mamão, utilizada para poder exportar. Todo o mamão que é exportado hoje é a partir de uma semente da instituição.

Prédio da reitoria da Uenf

Há quanto tempo o senhor integra os quadros da Uenf como professor?

Já faz 20 anos que eu sou professor da uemf, cheguei em 2003 e fiz o concurso em 2005. comecei em 2004, fiz o concurso em 2005 e entrei como professor da universidade.

Como avalia sua gestão na Reitoria?

Na verdade, a nossa gestão tem atuado com o princípio da coletividade e a inclusão. Isso é realmente o que nos caracteriza. Dentro dessa parte da coletividade e da inclusão, logicamente que respeito é uma palavra importante, transparência, com toda certeza, e autonomia é uma coisa que temos trabalhado em relação à autonomia da nossa instituição.

Chegamos no início do mandato, a gente já sabia dos problemas do Rio de Janeiro, mas a gente teve que enfrentar um governo negacionista, tanto a nível estadual quanto a nível federal, com ataques inclusive às universidades, com problemas sérios de financiamento, e para aumentar os problemas, a gente teve a Covid. Realmente era uma série grande de problemas que não nos definiram, porque todos esses problemas realmente têm muito a ver com situações que são criadas e para as quais a gente tem que encontrar resposta.

Então, todo e qualquer projeto coletivo, inclusive, tinha que ter uma resposta para todas essas tarefas. E fizemos isso. Eu acho, na minha avaliação, de forma correta. Entenderam todas as discussões através do colegiado, a gente estabeleceu uma quantidade de recursos para que os diretores de centro, os coordenadores de curso, pudessem tocar o seu mandato, comprar equipamentos novos na ordem de R$10 milhões por ano, manutenção de equipamentos, aumentar as bolsas, colocar todo o processo de compra mesmo numa nova metodologia para a gente poder chegar aos resultados corretos.

Resolver problemas antigos da universidade, como tínhamos especificamente na parte de enquadramento e progressões; fazer o PDI de forma coletiva; atender a parte da informática da universidade e decidir, por exemplo, fazer uma licitação própria e não utilizar mais a do Rio de Janeiro, que trouxe como consequência, no final, uma economia para o Estado de praticamente 60 % daquilo que estava gastando a nível do RJ para poder colocar a internet nas universidades, atender o campus. Mas eu acho que o principal legado, o principal trabalho que a gente fez foi fortalecer o relacionamento da comunidade da Uenf com a comunidade extramuros, essa relação com a sociedade, com o município. Com a prefeitura, realmente trabalhamos muito duro para que isso acontecesse, e, hoje a gente recolhe os resultados.

O seu mandato de reitor deve se encerrar nos próximos meses. Quais as expectativas?

Deixando claro que está acabando o mandato, mas que ainda temos coisa por realizar até acabar o mandato. A gente voltou a ter obras dentro da instituição, conseguimos trabalhar especificamente na adequação elétrica. Já está resolvido esse problema, conseguimos trabalhar na melhora da qualidade da eletricidade, construindo três subestações dentro da universidade que vai permitir o crescimento da Uenf, a área de expansão da universidade. Agora estamos terminando o processo para começar a obra a próxima semana de adequação de todos os campus para poder atender as pessoas com deficiência, e pequenas obras que vamos ter que realizar até o final do ano para resolver alguns problemas internos. Então, tem muito trabalho ainda para ser realizado.

Quais são os principais desafios para a Uenf em 2023 e o que espera do futuro da universidade?

Na parte pessoal, eu diria que tem sido também um ponto extremamente forte que a gente trabalhou com o enquadramento e progressões que estavam paradas. Conseguimos resolver, significaram em torno de 30 % de aumento de muitos quadros dentro da nossa instituição. No caso específico de quem tem menos renda, aquele técnico de nível alimentar, a gente praticamente duplicou o salário com os auxílios que foram colocados, e os aumentos dos auxílios que colocamos durante nosso mandato.

Na realidade, o principal desafio da universidade é o crescimento. A Uenf foi pensada para algo em torno de 600 professores e 30 anos depois, com os concursos que conseguimos fazer, talvez chegaremos a 350. Então, para poder crescer, para se expandir, para ir para a Região dos Lagos, para ir para outras regiões dentro do Estado do Rio de Janeiro, precisa de concurso de várias áreas, não só de professores, como também de técnicos porque a Uenf precisa crescer também na área técnica, que é quem realmente sustenta a universidade.

Campus da Uenf

E a relação com a sociedade local em torno da Uenf e Villa Maria?

A interação com a sociedade no ponto máximo, eu diria, ocorreu na época da Covid, onde o campus da Uenf atendeu desde a necessidade básica das pessoas poderem ter uma parte exterior para poder andar, para poder sair de casa, para poder ter lazer; até a vacinação da população, com mais de 100 mil pessoas vacinadas dentro da nossa instituição.

A Uenf, além de tudo isso, é um parque. Na área de cultura, a Casa de Cultura Villa Maria conseguimos fazer todos os remodelamentos do prédio. É um centro que realmente toda a sociedade campista participa dos eventos culturais. É um centro de lazer e de cultura para toda a sociedade. Sem falar do cinema (Cine Darcy no Centro de Convenções) que também é extremamente importante para as pessoas. Toda vez que a gente exibe filmes, há depois um debate e uma discussão com atores, diretores ou produtores.

Monumentos da Uenf Darcy Ribeiro

O que considera indispensável falar sobre os 30 anos da Uenf?

Uma das tarefas que a gente está colocando e trabalhando agora no final é realmente tirar a universidade, e tirar todo o sistema de educação do regime de recuperação fiscal, que realmente é uma trava do Estado do Rio de Janeiro, pelo qual a educação não consegue se desenvolver. Então, esse regime é necessário, logicamente, mas que não deveria afetar os índices constitucionais da Educação e da Saúde, e isto trava muito o desenvolvimento de outras áreas. A Educação e a Saúde deveriam estar fora do regime de recuperação fiscal, é uma coisa importante para o Estado do Rio de Janeiro e para a federação. Estamos trabalhando nisso. Estive em Brasília tentando ajudar, dando mais um passo nessa área. Enfim, é importante conscientizar a todos, porque a educação é fundamental, e a educação, de fato, é o futuro. Se todo mundo achar isso, deverá ser tratado com mais cuidado, com mais respeito e, logicamente, com uma quantidade maior de recursos.

O NABALANCANF APENAS REPOSTA A NOTÍCIA QUE SE FEZ PÚBLICA SEM TECER QUALQUER COMENTÁRIO A RESPEITO DA MATÉRIA OU SE RESPONSABILIZAR PELA MESMA. TEM O CUNHO MERAMENTE INFORMATIVO.
Via
POR OCINEI TRINDADE
Fonte
JORNAL TERCEIRA VIA

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