Em uma narrativa que entrelaça as complexidades do sertão brasileiro contemporâneo, a obra “Preso pela Carne e pela Alma”, que mergulha nas vidas de personagens marcados pela seca, pela escravidão e pela busca por liberdade, será lançada na próximo sábado (2), na Bienal do Livro, no RioCentro, na capital fluminense. O livro do autor campista Carlos Eduardo Gonçalves Wekid também será apresentado ao público da Academia Campista de Letras, no Centro de Campos, em 23 de setembro.
“Preso pela Carne e pela Alma” narra a história de João, um homem que vive no árido sertão brasileiro, marcado pela seca implacável e pela luta diária pela sobrevivência. João, apesar de sua condição miserável, encontra gratidão nas pequenas dádivas que a vida lhe oferece. O livro acompanha sua jornada desde a vida em Vila Teimosa, uma localidade fictícia, até sua experiência na mão de obra análoga à escravidão em uma fazenda de cana-de-açúcar. Através da prosa poética e da riqueza de detalhes, o autor constrói uma história que lança luz sobre a luta por valores humanos fundamentais.
Carlos Eduardo Gonçalves Wekid, mergulhou em estudos e pesquisas para trazer realismo e autenticidade à sua obra. As descrições dos cenários e a vida cotidiana da região semiárida são tão vívidas que fazem os leitores sentirem a terra seca sob seus pés e a luta constante pela água. Wekid explica que o desejo de criar uma “fotografia” do sertão foi uma motivação central durante sua elaboração.
“Lia continuamente notícias sobre o sertão e assistia a vídeos documentários sobre determinados contextos locais para que tivesse conhecimento e inspiração para a história. A verossimilhança é uma importante característica do livro. Tentei fazer da história uma fotografia do sertão. Sempre que possível, validava o que escrevia com pessoas conhecedoras do contexto”, explicou o autor.
Uma das características da obra é sua abordagem à mão de obra análoga à escravidão, uma questão profundamente enraizada na história do Brasil. O autor cuidadosamente retrata a experiência de João, que se vê fisicamente acorrentado à fazenda de cana-de-açúcar, mas também espiritualmente preso às memórias de sua vida em Vila Teimosa, onde experimentava uma liberdade que transcende a miséria material.
Em um esforço para garantir a autenticidade e a verossimilhança de sua narrativa, Wekid buscou orientações e insights de especialistas no campo. Colaboradores como Frei Xavier Plassat, coordenador da Campanha Nacional “De olho aberto para não virar escravo”, e o padre Ricardo Rezende Figueira, coordenador do Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo da UFRJ, contribuíram com informações e prefácios que enriquecem a obra.
“Para a elaboração da terceira parte do livro, relacionada à escravidão no campo, de forma bem especial, obtive grande ajuda do frei Xavier Plassat, coordenador da Campanha Nacional ‘De olho aberto para não virar escravo’, da Comissão Pastoral da Terra, com quem durante um longo período discutia o que escrevia. Posteriormente, pude contar com informações do padre Ricardo Rezende Figueira, coordenador do Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo da UFRJ. Além das informações, escreveram também os prefácios do livro. Pude contar, recentemente, com informações de Cláudio Secchin, auditor fiscal do trabalho e secretário de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho, que contribuiu com informações complementares para a história. Todo esse estudo ultrapassou minha criatividade e garantiu a verossimilhança da obra. Agradeço imensamente a esses colaboradores e também outros que contribuíram com importantes informações para a elaboração do livro”, contou.
O público-alvo da obra é diversificado, abrangendo desde os amantes de romances até alunos do ensino médio interessados em entender as complexidades culturais e sociais do sertão brasileiro. A história também ecoa com qualquer pessoa que esteja disposta a refletir sobre o assunto. Nas redes sociais (pelo perfil @carlos_eduardo_wekid), o autor vai divulgar trechos pelos quais o leitor poderá ter contato com o texto.
“Preso pela Carne e pela Alma” se destaca por trazer à tona questões profundas e atemporais que têm impacto não apenas na história do Brasil, mas também na experiência humana universal. Carlos Eduardo Gonçalves Wekid oferece aos leitores uma viagem poética e reflexiva pelo sertão, onde os laços da carne e da alma se entrelaçam em uma busca incessante por dignidade e liberdade.