Anunciado pelo governo de Pernambuco como uma nova aquisição para a retomada das pesquisas com monitoramento de tubarões que se aproximam do litoral do estado, o receptor acústico é apenas um dos equipamentos utilizados no acompanhamento de animais marinhos. Além dele, há outros aparelhos que também serão adquiridos para a realização dos estudos que devem ser retomados a partir de agora.
A informação foi repassada ao g1 pelo coordenador do projeto MegaMar Fábio Hazin, o engenheiro de pesca e professor doutor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Zeca Pacheco.
O programa, realizado pelo Porto de Suape, em parceria com a instituição de ensino e a Fundação Apolônio Salles (Fadurpe), será responsável por colocar em prática os estudos de monitoramento.
De acordo com o pesquisador, além dos dez novos receptores anunciados nesta quinta (9) pelo governo do estado, o investimento prevê a compra de 40 transmissores para o acompanhamento de tubarões que se aproximarem do litoral da Região Metropolitana do Recife.
Conforme explicou Pacheco, o transmissor é o aparelho colocado no animal depois que ele é capturado e passa a emitir informações sobre o percurso dele na água.
Já o receptor acústico é instalado num ponto fixo na orla e recebe sinais quando o animal está se aproximando da praia, num raio de 500 metros.
O engenheiro de pesca explica que o procedimento para colocação do transmissor tem algumas etapas:
- O animal é capturado e colocado em cima da embarcação;
- Recebe um fluxo de água pela boca para manter a respiração e tem os olhos cobertos, para diminuir o comportamento de continuar se mexendo;
- Em seguida, é feito um pequeno corte no animal e o transmissor é inserido;
- Após a realização de uma sutura, o tubarão é solto no mar.
“Uma vez feita a captura, a gente anota a numeração do transmissor, vê o tamanho e a espécie e solta o animal na água novamente. Quando esse animal se aproxima do receptor, vai emitir o sinal de registro dizendo o dia e a hora em que se aproximou. Também vou conseguir saber o tempo de permanência do animal no local e se ele vai e volta”, detalhou.
Zeca Pacheco acrescenta que cada transmissor só pode ser usado num único animal. Já o receptor, tem duração de até 1 ano e meio, mas pode ter a bateria trocada.
Retomada das pesquisas
Esse trabalho de monitoramento é realizado não apenas em tubarões, mas também em outros animais, quando se estuda a dinâmica do ecossistema marinho.
O professor Zeca Pacheco lembrou que a UFRPE fazia o acompanhamento dos tubarões por meio do projeto Protuba – que foi descontinuado por falta de investimentos em 2015.
Desde então, não são feitas capturas para o monitoramento de tubarões em Pernambuco.
De acordo com Pacheco, o antigo programa utilizava a mesma metodologia com transmissores e receptores acústicos, mas os aparelhos daquela época não estão mais apropriados para uso.
Por isso, o projeto MegaMar Fabio Hazin, que iniciou os estudos com peixes na área portuária de Suape há um ano, adquiriu 20 novos aparelhos.
Com os incidentes registrados nas últimas semanas e os novos investimentos, foi solicitada a compra de mais dez receptores, totalizando 30 equipamentos.
“Aqueles 20 ainda estão no processo de compra e não chegaram. É uma tecnologia importada que vem do Canadá. E agora, com esses 30, a gente vai estender a área de atuação de captura dos animais para toda a Região Metropolitana”, afirma o coordenador do MegaMar.
O governo de Pernambuco divulgou na quinta (9) que os recursos financeiros disponíveis vão permitir a realização de 24 expedições para a captura e marcação de tubarões das espécies tigre, cabeça-chata e galha-preta.
Além disso, os aportes incluem 32 ações de educação ambiental.