O economista Joseph E. Stiglitz, professor titular da Universidade de Columbia (EUA) e vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, esteve nesta segunda-feira (11) no Supremo Tribunal Federal (STF). Convidado do projeto “Diálogos com o Supremo”, Stiglitz falou aos presentes por aproximadamente duas horas com a palestra “Desafios para o crescimento econômico com estabilidade e inclusão social”.
A abertura foi feita pela presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, que falou ser “uma enorme alegria e honra ouvir o professor Stiglitz”. O ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente da Corte, também compôs a mesa. Ele disse que “o professor é uma dessas pessoas que dispensa apresentação”. O ministro ainda destacou a relevância de Stiglitz no mundo acadêmico, com “contribuição para diversos temas, entre eles a assimetria de informações, falhas de mercado, desenvolvimento econômico, globalização, comércio internacional e crises financeiras”.
Capitalismo progressivo
Stiglitz afirmou que o tipo de capitalismo que tivemos nos últimos 40 anos nos levou a uma sociedade que não é boa. Para ele, a saída é o capitalismo progressivo, em que a economia deve servir a sociedade, e não o contrário. O professor lembrou que mais da metade do mundo não vive em democracias e que, mesmo assim, o regime democrático tem sido desafiado e questionado.
Desigualdades
Para ele, a desigualdade tem crescido cada vez mais em uma economia que não é sustentável. O economista ainda observou que é preciso haver o equilíbrio de liberdades, uma vez que não podemos pensar em liberdades de forma isolada em uma sociedade organizada.
Brasil
Ao falar sobre o Brasil, Stiglitz destacou quatro pontos. O primeiro deles tem relação com os impostos, necessários para a criação de infraestrutura básica para as pessoas. Segundo ele, o Brasil vai bem na comparação com outros países emergentes, mas em contrapartida possui um dos sistemas tributários mais complexos do mundo, o que gera ineficiência. Ele lembrou, ainda, que o Brasil é uma das sociedades mais desiguais do mundo.
Mercado financeiro
Stiglitz afirmou também que o nosso país precisa pensar sobre a reforma do mercado financeiro. O Brasil, de acordo com ele, tem uma taxa de juros muito elevada, entre as maiores do planeta, algo inviável para os dias atuais.
Questão ambiental
Outros dois fatores mereceram atenção do vencedor do Nobel de Economia na reflexão que fez sobre o país: o primeiro deles é a preocupação com a questão ambiental. Stiglitz reafirmou a importância e força do Brasil para a economia global por conta da Amazônia. Para ele, esse é um tema que necessita de muito cuidado por parte do Estado.
Democracia
Por fim, o professor comentou o papel do país na sociedade global. Ele se mostrou preocupado com os ataques sofridos pela nossa democracia e pontuou que o país deve mostrar força. Segundo ele, em um mundo de múltiplos poderes, esse é o momento em que a voz do Brasil precisa ser ouvida e levada em conta como exemplo de uma boa democracia.
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