Evoluções técnicas na urna: leitor biométrico e tratamento da criptografia marcaram as Eleições 2012 e 2014

Segunda edição do Teste Público de Segurança, realizado em 2012, também auxiliou na proteção do Registro Digital do Voto

A cada eleição, a urna eletrônica recebe melhorias relevantes para o aperfeiçoamento do processo eleitoral brasileiro. Entre 2011 e 2014, essas evoluções ocorreram especialmente no leitor biométrico, no sistema operacional e no Registro Digital do Voto (RDV), tornando as eleições ainda mais seguras desde então.

Na urna eletrônica modelo UE 2011, uma das diferenças técnicas mais importantes observadas foi a modernização do leitor digital óptico. O aparelho, assim como versões anteriores, atende aos requisitos de qualidade de identificação civil em larga escala, mas incorpora um painel de vidro de qualidade ainda mais durável e que é altamente resistente a danos químicos e físicos, adequando-se a ambientes adversos. O instrumento também apresenta tecnologia Live Finger Detection para detecção de dedo vivo, o que evita a utilização de digitais falsas feitas com silicone, borracha, gelatina ou outros materiais.

Outra característica da UE 2011 é o aumento da capacidade de armazenamento da mídia de resultado, que passou de 128 para 512 megabytes. A mídia de resultado é um pen drive que toda urna tem, parecido com os que usamos no nosso dia a dia. A diferença é que os arquivos dessa mídia possuem uma série de travas eletrônicas de segurança que fazem com que eles só “conversem” com os programas que foram desenvolvidos e lacrados exclusivamente para aquela eleição. Se tentarem colocar a mídia de resultado em um computador comum para acessar os dados, eles não poderão ser alterados.

A memória de armazenamento interno permaneceu com 512 megabytes, como as urnas de 2009 e 2010. É importante ressaltar que a urna eletrônica, assim como qualquer outro computador, precisa de ferramentas para armazenamento de dados. Desde a urna modelo UE 1998, um dos dispositivos utilizados para esse fim é o flash card, que é um cartão de memória que faz leitura e gravação, como se fosse um HD. O flash card interno é a mídia responsável pelo armazenamento do sistema operacional, dos softwares aplicativos, dos dados de candidatos, eleitores e da seção eleitoral a que se destina à urna.

TPS 2012

Teste Público de Segurança (TPS) é um evento pioneiro realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de fortalecer a proteção ao voto informatizado. A segunda edição desse teste ocorreu dos dias 20 a 22 de março de 2012, no edifício-sede do TSE, em Brasília. Durante três dias, 24 investigadores dividiram-se em grupos para apresentar e executar planos de ataque aos componentes internos e externos da urna eletrônica, com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento do software e/ou hardware do sistema. Participaram da edição profissionais independentes, acadêmicos e pesquisadores ligados a universidades, órgãos públicos e instituições técnico-cientítifcas.

Das melhorias trazidas ao processo eletrônico a partir do TPS 2012, a mais expressiva foi o fortalecimento do mecanismo de embaralhamento dos dados no Registro Digital do Voto (RDV), impossibilitando que fosse descoberta a ordem dos números digitados pelo eleitorado na urna. O RDV é o arquivo que armazena os votos dos eleitores exatamente como digitados na urna, mas de forma aleatória, impedindo a vinculação do voto a determinado eleitor. O arquivo também permite a recontagem dos votos por parte dos partidos políticos e demais interessados.

Naquele ano, um grupo formado por professor e alunos da Universidade de Brasília (UnB) havia conseguido refazer o sequenciamento dos votos contidos no RDV sem, contudo, quebrar o sigilo do voto. Para isso, seria necessário obter a sequência de comparecimento dos eleitores, o que não ocorreu.

Na ocasião, um dos membros da Comissão Avaliadora dos testes, Antonio Montes Filho, destacou a relevância do TPS, especialmente da segunda edição, a qual permitiu acesso ao código-fonte e elaboração de testes mais complexos. “É mérito do TSE possibilitar esse acesso à urna eletrônica. Isso está alinhado com a filosofia de transparência do TSE”, disse o pesquisador à época.

No ano seguinte, em 2013, a urna eletrônica recebeu melhorias no Uenux, que é o sistema operacional de código aberto do aparelho. O software utilizado foi evoluído, sobretudo com relação à arquitetura de integração com os demais sistemas eleitorais (cadastro de eleitores, registro de candidaturas e totalização), com impactos sobre todos os modelos de urna, já que o software é o mesmo para todas.

Mesmo com o surgimento de novos modelos de urnas eletrônicas, milhares de equipamentos dos anos 2011 e 2013 foram utilizados em outubro do ano passado, nas Eleições 2022. Ainda que não contassem com características ainda mais modernas, aplicadas às urnas mais recentes, esses modelos rodam com os mesmos sistemas, mecanismos de segurança e recursos de acessibilidade voltados para pessoas com deficiência. Das 577.125 urnas eletrônicas disponibilizadas para uso nas eleições, 34.998 eram do modelo 2011, e 30.142 do modelo 2013.

JV/JL/CM, DM

Foto: Antonio Augusto - Urna Eletrônica 2014 - 13.01.2023

O NABALANCANF APENAS REPOSTA A NOTÍCIA QUE SE FEZ PÚBLICA SEM TECER QUALQUER COMENTÁRIO A RESPEITO DA MATÉRIA OU SE RESPONSABILIZAR PELA MESMA. TEM O CUNHO MERAMENTE INFORMATIVO.
Fonte
TSE

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