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A primeira jornalista profissional do Brasil

Narcisa Amália de Campos. De São João da Barra (RJ), ela foi a primeira mulher a se profissionalizar como jornalista no Brasil

Narcisa Amália de Campos nasceu em 3 de abril de 1852. De São João da Barra, norte do estado do Rio de Janeiro, Narcisa foi a primeira mulher a se profissionalizar como jornalista no Brasil. Fundou, em 1884, o jornal quinzenal Gazetinha, que tinha como subtítulo “folha dedicada ao belo sexo”. Colaborou também com dezenas de jornais e revistas, a maioria fluminenses.

Arriscou-se na literatura por duas vezes: seu primeiro e único livro de poesia, Nebulosas, alcançou grande repercussão nos meios literários em 1872, com poemas do Romantismo. Dois anos depois, em 1874, publicou um livro de contos, Nelúmbia.

A projeção nacional veio com seus artigos que defendiam as mulheres e o fim da escravidão. É o caso da crônica “A mulher no século XX”:

O que diria a idade de ouro da selvageria, quando o homem tinha o direito de vida e de morte sobre a sua companheira? Quando a mulher carregava-lhe a bagagem na emigração, a antílope morta – na caçada e roía os ossos em comum com os cães? Desprezada, embrutecida, castigada e vendida, a mísera arrastava o longo suplício de sua existência até que a morte viesse libertá-la e a pá de terra levantasse entre ela e o seu opressor uma eterna barreira. Nada há que justifique essa tenaz perseguição da mulher; e entretanto foi perpetuada de século a século!

Na Ásia, de rosto sempre velado, ignorante e submissa como um cão, trabalhava, comia e chorava à vontade do senhor, sem que uma palavra de simpatia jamais lhe dilatasse o coração; na Índia, levavam-na mais longe: atiravam-na à fogueira no dia em que lhe expirava o marido! Em Babilônia era vendida em praça pública; em Esparta, escolhida ao acaso; em Atenas, circunscrita nos gineceus. Batida, aviltada e corrompida pelo homem, a mulher romana, por sua vez, bate, avilta e corrompe o homem no filho.

De Narcisa Amália de Campos…

Mais de um século e meio anos depois da primeira jornalista profissional, elas são maioria nas redações

Segundo uma pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina com a Federação Nacional dos Jornalistas, as mulheres eram 64% das profissionais em redações, em 2012. Nos passos de Narcisa, mulheres lideram hoje novos empreendimentos jornalísticos,  como Agência Pública, Aos Fatos, Agência Lupa. E dedicam-se a veículos que têm a desigualdade de gênero como aposta editorial.

Ao mesmo tempo, persistem relatos de assédios às profissionais, a ponto de originar um movimento para combater a prática. A Abraji prepara, em parceria com a Gênero e Número, uma pesquisa inédita sobre o tema. O resultado deverá ser lançado no 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.

 


 

Abraji

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Criada em 2002 por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas. É mantida pelos próprios jornalistas e não tem fins lucrativos.

O NABALANCANF APENAS REPOSTA A NOTÍCIA QUE SE FEZ PÚBLICA SEM TECER QUALQUER COMENTÁRIO A RESPEITO DA MATÉRIA OU SE RESPONSABILIZAR PELA MESMA. TEM O CUNHO MERAMENTE INFORMATIVO.
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Por Tiago Aguiar.
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