O ministro Edson Fachin, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), no exercício da Presidência, recebeu na tarde desta quarta-feira (8) quatro obras de arte produzidas por artistas plásticos de Brasília (DF) inspiradas nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023. A partir dos destroços resultantes das invasões ao Tribunal, o grupo criou peças que celebram a resiliência e a democracia.
A cerimônia integra as ações promovidas pelo Supremo para lembrar os dois anos da data e contou com a presença da ministra Cármen Lúcia e dos ministros Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, também participou.
“É extraordinário como a arte, com a estética própria, consegue, mesmo no horror e na tragédia, extrair a beleza possível desse fragmento da realidade”, afirmou Fachin. Ele agradeceu aos artistas pela sensibilidade e pelo compromisso com a democracia e disse que as obras ocuparão um lugar especial na história da Corte.
Já a ministra Carmen Lúcia reforçou a importância de lembrar o passado para construir um futuro mais justo e democrático. “Um dia para lembrar, para ensinar os que estão aqui e os que vierem depois de nós, que podem acontecer atentados à democracia”, disse. A ministra também ressaltou que a democracia é um compromisso diário e que as instituições democráticas são resilientes, mesmo diante de ataques.
Memória
As obras entregues ao STF transcendem o aspecto artístico, conforme declarou Fachin. “A arte nos mostra que é possível separar a civilização da barbárie. Essas obras ajudarão a manter a memória acesa como um alerta para que não se repita a infâmia, como bem denominou a ministra Rosa Weber, que corajosamente liderou o processo de reconstrução do Tribunal”.
Obras
“Manto da Democracia”, de Valéria Pena-Costa, representa a toga da ministra Rosa Weber, reconstruída simbolicamente com a participação de 60 mulheres após ter sido parcialmente queimada na invasão. A obra celebra a liderança feminina e a força da união.
“8 de janeiro”, de Carppio de Moraes, é uma pintura em preto sobre tela que representa o luto pelas páginas carbonizadas da Constituição Federal. A peça traça um percurso histórico da sociedade brasileira, desde a escravidão até os dias atuais, para representar um país diverso e dividido.
“8.1 #01” é o nome da escultura em pedra mármore azul retalhada, de Marilu Cerqueira, que incorpora fragmentos de vidro, tela de dispositivos móveis e outros materiais encontrados nos destroços para simbolizar a fragmentação e a reconstrução do Tribunal.
“…a parte é o todo!”, elaborada por Mário Jardim em parceria com Valéria Pena-Costa, tem a palavra ‘democracia’ referida no espelho quebrado e repetida nos fragmentos da peça, para representar a resiliência da democracia, que se mantém íntegra mesmo diante de ataques.
(Jorge Macedo//CF)
Veja abaixo as obras: