Mostra individual do artista Raul Leal, que será inaugurada em 24 de junho no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), propõe um olhar afetivo sobre a paisagem natural do Brasil e questiona o modo como lidamos com esse ambiente.
Raul Leal lida com o desaparecimento de uma paisagem que, durante séculos, foi uma presença simbólica no processo de formação da identidade nacional. Toda produção artística brasileira, incluindo o modernismo, faz referência, em algum momento, às matas, rios e riquezas naturais do Brasil. A experiência estética sempre teve um papel preponderante no conhecimento do natural, através de desenhos, aquarelas, pinturas, literatura e poesia. Esses atravessamentos formaram um imaginário de um Brasil eternamente verde mas, ao mesmo tempo, criaram um distanciamento da realidade do nosso interior, que segue ignorada. Os trabalhos originados das viagens de Raul Leal pelo interior invertem a lógica dessa imagética tradicional de representação do natural, pois a maior parte dos territórios visitados está degradada. Atualmente, vivemos em uma sociedade predominantemente urbana, que passa ao largo de circunstâncias problemáticas, como desertificação, extinção de espécies e degradação dos recursos hídricos.
Nos trabalhos apresentados, o artista dialoga com a prática dos artistas viajantes – e seus processos de documentação da paisagem brasileira -, que trabalharam conjugando a experiência estética com o reconhecimento e configuração do mundo natural.
São apresentadas séries que exploram experiências diferentes no registro dessa paisagem, com a utilização de diversos processos como fotografia, desenho e impressão. As imagens são resquícios, desaparecimentos e registros melancólicos da devastação.
Destacamos a série “Rebento” na qual imagens impressas em madeira documentam uma possibilidade de reconstrução dessa paisagem. Cada fotografia faz parte de uma catalogação de mudas de árvores, plantadas pelo artista nessas regiões degradadas. As fotografias são impressas manualmente e, no processo, vão ocorrendo pequenos rasgos e imperfeições. Um arquivo afetivo de uma atitude de resistência que gera um pequeno movimento, contrário ao ciclo da destruição.
Sobre o artista
Raul Leal é natural de Miracema – RJ, radicado no Rio de Janeiro e formado pela Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage.
Em 2022 apresentou a exposição “Terra Vermelha” no Sesc de Campos, que foi selecionada no edital Pulsar.
Foi selecionado para a individual “Serrapilheira”, na Casa Fiat de Cultura em Belo Horizonte – MG.
O artista plástico realizou diversas exposições individuais e coletivas em instituições como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu da República – RJ, Museu de arte Contemporânea de Ribeirão Preto – SP, Museu de arte de Blumenau – SC, e outras.
Além disso, possui obras em acervos institucionais e particulares, entre os quais: MAM – RJ, Biblioteca Nacional, Museu de Arte de Blumenau, Universidade Federal do Espírito Santo.
Serviço
Abertura: 24 de junho de 2023, às 15h
Período de visitação: 24 de junho a 13 de agosto de 2023
Horário: de terça a domingo, das 11h às 19h
Valor: gratuito
Classificação indicativa: livre
Curadoria: Shannon Botelho
Local: Galerias do 1º andar do CCJF
Endereço: Avenida Rio Branco 241, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (21) 3261-2550
OBS.: A exposição fez parte do regulamento do CCJF divulgado em 2020 para ocupação de espaço no ano de 2021. No entanto, por conta da pandemia de COVID-19 só pôde ser realizada este ano.
*Fonte: CCJF